Sniper: nova ferramenta do CNJ para identificar o patrimônio de devedores

28/09/2022

Por Mohamad Fahad Hassan

Segundo dados fornecidos pelo Conselho Nacional de Justiça (“CNJ”), tramitam atualmente perante os Tribunais do País cerca de 40 milhões de processos em fase de execução, o que corresponde a 58% de todo o acervo[1]. De acordo com o mesmo levantamento, o tempo médio de duração dos processos de execução é de aproximadamente 5 anos, cerca de 3 vezes mais do que o tempo de tramitação de um processo em fase de conhecimento.

A demora na solução dos processos de execução pode ser atribuída à dificuldade que os credores enfrentam para localizar bens dos devedores que possam ser penhorados e expropriados para satisfação dos seus créditos, dificuldade essa que muitas vezes é resultado da postura deliberadamente fraudulenta de devedores, que adotam manobras para esconder seus bens e rendimentos.

O CNJ vem criando ferramentas para auxiliar os credores na localização de bens e direitos dos devedores. São exemplos o Sisbajud (para consulta e bloqueio de movimentações financeiras perante instituições financeiras), Renajud (para consulta e bloqueio de veículos) e a Arisp (para consulta e penhora de imóveis).

A mais nova ferramenta criada pelo CNJ é o Sistema Nacional de Investigação Patrimonial e Recuperação de Ativos (“Sniper”), que identificará os vínculos patrimoniais, societários e financeiros entre pessoas físicas e jurídicas.
De acordo com informações divulgadas pelo CNJ, estão integrados ao Sniper os dados de CPF e CNPJ, as bases de candidatos e bens declarados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), informações sobre sanções administrativas, empresas punidas e acordos de leniência (CGU), dados do Registro Aeronáutico Brasileiro (Anac), embarcações listadas no Registro Especial Brasileiro (Tribunal Marítimo) e informações sobre processos judiciais, como partes, classe, assunto dos processos e valores.

Diferentemente das outras ferramentas criadas pelo CNJ, o Sniper não possibilitará o bloqueio online de bens, ativos e direitos dos devedores em processo judicial. O que o CNJ promete com o Sniper é disponibilizar aos interessados no processo uma série de informações sobre os devedores, o que, a nosso ver, não será suficiente para dar efetividade aos processos de execução, ainda mais se o advogado não souber fazer uso dessas informações.

De fato, esse tipo de base de dados poderá auxiliar o advogado que atua na recuperação de créditos, mas a solução do processo dependerá da capacidade do advogado de interpretar as informações disponibilizadas pelo Sniper e escolher o melhor caminho para a satisfação do crédito executado.

 

[1] Fonte: https://www.cnj.jus.br/justica-4-0-nova-ferramenta-permite-identificar-ativos-e-patrimonios-em-segundos/

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